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SALEH  Cirurgia Vascular e Endovascular

                                  Prof. Dr. Samir Omar Saleh  - Cremesp 59085

                                           Dr. Kassem Samir Saleh - Cremesp 208744

 

Raloxifeno x Trombose Venosa Profunda

 

 

Mecanismo de Ação do Raloxifeno

O raloxifeno é um SERM (Modulador Seletivo de Receptores de Estrogênios) que exerce efeitos agonistas ou antagonistas nos receptores de estrogênio, dependendo do tecido-alvo. No tecido ósseo, atua como um agonista, promovendo a preservação da massa óssea e reduzindo o risco de osteoporose pós-menopausa. No entanto, nos tecidos do sistema cardiovascular, o raloxifeno tem um perfil de efeito misto.

 

Relação com a Trombose Venosa Profunda

A relação entre o raloxifeno e a TVP é principalmente atribuída ao seu efeito pró-coagulante potencial em algumas mulheres. Estudos clínicos e revisões sistemáticas têm demonstrado um aumento no risco de eventos tromboembólicos venosos, incluindo TVP e embolia pulmonar, em usuárias de raloxifeno em comparação com placebo, especialmente nos primeiros meses de tratamento.

 

Mecanismos Propostos

  1. Alterações na Coagulação: O raloxifeno pode induzir mudanças nos níveis de fatores de coagulação, como o aumento do fator VII, fator VIII e fibrinogênio, promovendo um estado pró-trombótico.
  2. Efeitos sobre a Fibrinólise: Há evidências de que o raloxifeno pode reduzir a atividade da plasmina, o principal componente do sistema fibrinolítico, diminuindo a capacidade do corpo de dissolver coágulos existentes.
  3. Impacto nos Níveis de Proteínas C e S: O raloxifeno pode alterar os níveis dessas proteínas, que têm um papel anticoagulante, contribuindo para um estado pró-coagulante.

 

 

Fatores de Risco e Considerações Clínicas

  • Seleção de Pacientes: É crucial avaliar os fatores de risco individuais para TVP antes de iniciar o tratamento com raloxifeno. Histórico de trombose, obesidade, imobilização prolongada e cirurgias recentes são fatores de risco significativos.
  • Monitoramento: Pacientes em tratamento com raloxifeno devem ser monitorados quanto a sinais e sintomas de TVP e eventos tromboembólicos venosos.
  • Alternativas Terapêuticas: Para mulheres com alto risco de TVP, outras opções terapêuticas para a prevenção ou tratamento da osteoporose devem ser consideradas.

 

 

Conclusão

A relação entre o raloxifeno e a trombose venosa profunda é um exemplo da complexidade da medicina baseada em evidências e da importância da individualização do tratamento. A compreensão dos mecanismos subjacentes e dos fatores de risco associados é fundamental para otimizar os benefícios terapêuticos do raloxifeno, minimizando os riscos para a paciente. A decisão de utilizar o raloxifeno deve ser tomada após uma avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios, considerando o perfil clínico individual de cada paciente.